Hemograma de estresse: como evitar
O hemograma é o exame que avalia de forma quantitativa e qualitativa as células sanguíneas do paciente. Ele auxilia no diagnóstico de anemias, viroses, infecções, inflamações e de doenças provocadas por parasitas, como a Babesiose e a Erlichiose (doenças do carrapato).
No entanto, principalmente entre os gatos, a forma como o hemograma é realizado pode interferir em seus resultados. O estresse que o animal sente durante o exame pode desencadear uma série de reações fisiológicas importantes. Assim, o estresse pode induzir a resultados e tratamentos equivocados. Esse problema ficou popularmente conhecido como hemograma de estresse.
Abaixo, o Dr. Alex Jader Sant’Ana, M.V, P.H.D Especializado em Anestesiologia Veterinária (CRMV-SP 18196 / CRMV-SC 7177 VS), explica como o hemograma de estresse acontece e, principalmente, como ele deve ser evitado.
1) O que é o hemograma de estresse?
Dr. Alex: O estresse desencadeia uma série de reações fisiológicas nos animais. O coração bate mais rápido, os vasos sanguíneos contraem e a pressão arterial aumenta. Essas reações são uma espécie de sistema de defesa do organismo para situações de perigo. Elas acontecem, entre outros motivos, por conta da descarga de hormônios como a adrenalina e o cortisol no sangue. O hemograma de estresse é o exame feito com os pacientes nessa situação.
2) Qual a principal mudança detectada pelo hemograma de estresse?
Dr. Alex: Uma das reações mediadas quimicamente por conta do estresse é o deslocamento de células brancas de defesa (leucócitos), das margens dos vasos sanguíneos para o centro da corrente sanguínea. Exatamente o local em que o veterinário insere a agulha para retirar o sangue do paciente para o hemograma.
Dessa forma, ao realizar um hemograma em momentos de estresse, a tendência é que o médico veterinário colete uma amostra acima do normal de células brancas de defesa (leucócitos).
3) Como o excesso de células brancas de defesa (leucócitos) prejudica o exame?
Dr. Alex: No hemograma, cada tipo de célula deve ser apresentado dentro de uma quantidade ou proporção considerada normal. O aumento irregular do número de um tipo de célula pode indicar problemas de saúde.
No caso do hemograma de estresse, o número elevado de leucócitos, pode indicar, de forma equivocada, que o animal está com algum tipo de distúrbio do sistema imune, como uma infecção.
4) Qual o impacto para a saúde do Pet?
Dr. Alex: O resultado equivocado induzido por um hemograma de estresse pode levar o paciente a um tratamento que não é necessário, como o uso de antibióticos – que provoca, entre outros efeitos, a morte de bactérias boas do intestino e problemas digestivos.
Por isso, o médico veterinário que solicita o exame não deve analisar apenas o seu resultado. Ele deve conhecer o paciente. É importante levar em consideração as chances de estresse e identificar se o resultado daquele exame condiz ou não com os sinais clínicos que o pet apresenta.
De forma geral, todo hemograma realizado em gatos deve ser analisado com a suspeita de hemograma de estresse.
5) Quais os cuidados que devem ser tomados para evitar o hemograma de estresse?
Dr. Alex: Para evitar o hemograma de estresse é fundamental que o responsável pela coleta seja um médico veterinário especializado. Além de todo o carinho e atenção para que o paciente sinta-se confortável e seguro, o veterinário especializado conhece a fundo as técnicas, manobras e estratégias para o correto manejo do pet – evitando o estresse.
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