Infarto em Cachorro: é possível?

O infarto agudo do miocárdio acontece quando uma das artérias coronárias (responsáveis por levar sangue ao músculo do coração) obstrui-se agudamente, impedindo a passagem do sangue. Com isso, parte do músculo cardíaco deixa de receber o sangue que traz oxigênio e glicose para as células, o que pode acarretar morte de tecido muscular em pouco tempo.

Dor no peito, palpitação, falta de ar, sudorese e náusea estão entre os sintomas mais comuns de infarto. A aterosclerose, doença que causa degeneração e obstrução progressiva  dos vasos sanguíneos, é a principal causa desse problema em humanos. Já os cães apresentam algumas diferenças importantes.

Abaixo, o Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580), explica sobre o infarto em cachorro: 

Infarto em Cachorro 

Sim. Em tese, o infarto em cães é uma situação possível. No  entanto, é importante separar este fenômeno em pets do que acontece em humanos. Enquanto o infarto agudo do miocárdio é a condição cardiológica mais comum entre nós, nos cães isso não é observado. Pelo contrário: o infarto em cachorro é uma condição pouco documentada.

“Os cães possuem vantagens anatômicas e metabólicas que os protegem contra o infarto. O metabolismo das gorduras no sangue e a anatomia das artérias coronárias estão entre as principais delas” – Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580). 

Colesterol

Uma das grandes diferenças entre os seres humanos e os cães está no metabolismo do colesterol. Em humanos, este lipídio é responsável pela formação e acúmulo de placas de gordura que podem se transformar em coágulos, desprender da parede e obstruir as artérias coronárias, levando ao infarto. 

“O colesterol em cães não costuma a se depositar nas artérias, como em humanos. Por conta disso, eles possuem uma baixíssima incidência de formação de placas ateromatosas (placas de gordura) nas artérias. Assim, o colesterol alto não está diretamente relacionado com infarto em cachorro” – Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).

Os cães podem sim formar placas ateromatosas, mas geralmente por outras razões, como o hipotireoidismo. Outras possíveis causas de infarto em cães, ainda que raras, são trombos (coágulos) provocados por outras doenças cardíacas ou por tumores no coração.

Circulação Coronariana

Outra grande diferença que faz com que o infarto em cachorro seja menos comum do que em humanos é a circulação coronariana. Nos cães, as artérias coronárias principais possuem colateralidade maior, ou seja, mesmo que uma artéria coronária seja obstruída em um cão, provavelmente outra conseguirá levar sangue oxigenado suficiente para o local afetado.

“Em cães, a circulação sanguínea coronariana natural é muito próxima de uma circulação colateral perfeita.” – Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).

Microinfartos

O mais comum é que os cães sofram microinfartos, principalmente os idosos. Tratam-se de obstruções de pequenos ramos das artérias coronárias normalmente provocadas por fibrose cardíaca e não por embolia (obstrução por placas de gordura) como em humanos.

“É por isso que o infarto em cachorro, na maior parte das vezes, não representa uma emergência veterinária. É comum que os cães sofram microinfartos ao longo da vida e que os seus organismos se adaptem a essa situação” – Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).      

No geral, os  microinfartos não costumam colocar a vida dos cães em risco e não manifestam sintomas aparentes. 

Infarto em Cachorro e Arritmias

Os microinfartos costumam trazer riscos aos cães quando desencadeados sobre o “sistema elétrico” do coração. Nestes casos, eles podem desencadear algum tipo de arritmia. Quando isso acontece, os riscos aumentam consideravelmente – especialmente entre os mais idosos. Sintomas clínicos como desmaios são comuns.

“É muito raro um infarto em cachorro se apresentar da mesma forma que em humanos. Porém, isso não pode ser descartado. O infarto em cachorro também pode provocar angina (dor no peito) e insuficiência cardíaca aguda, por exemplo. No entanto, essa não deve ser a principal preocupação dos tutores” –  Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).     

No geral, outros problemas cardíacos, que podem mimetizar os sintomas de um infarto em cachorro, são confundidos com este problema. A morte súbita, que raramente é provocada por um infarto, é um deles. No geral, ela é decorrente de uma arritmia provocada por doenças como a doença valvar degenerativa, cardiomiopatia dilatada e cardiopatias congênitas. 

Se você já ouviu falar de cães que sofreram desmaios ou morte súbita por causas cardíacas, provavelmente a causa não foi o infarto – o que reforça ainda mais a importância da avaliação cardiológica. Muitos destes problemas podem ser diagnosticados e tratados ainda cedo. Quanto antes um problema cardíaco é identificado, maiores as chances de uma vida saudável e feliz para toda família.

Em caso de suspeita de problemas cardíacos com o seu cachorro, procure um centro especializado. Os profissionais da Digitalvet podem ajudar. Conte conosco!