Quando separar os filhotes da mãe?

Filhotes, quando separar das mães?

Quando separar os filhotes da mãe?

Diferente do que muitos pensam, os cães e gatos não “nascem prontos”. Assim como os seres humanos, os filhotes passam por várias estágios de desenvolvimento até chegarem à fase adulta. Respeitar essas etapas é algo indispensável para a saúde e bem estar dos pets e, consequentemente, dos próprios tutores. 

Algumas das etapas mais importantes para o desenvolvimento e aprendizado dos filhotes acontecem até a 12ª semana de vida. Esta fase é conhecida como período de socialização e é indispensável para o aprendizado social do filhote. Não permitir que o animal tenha essas experiências junto à mãe e aos demais membros da ninhada pode ter consequências bastante graves.” – Dr. Ricardo Fontão de Pauli,  Médico Veterinário Comportamentalista (CRMV 5730).

Veterinários comportamentalistas de todo mundo NÃO RECOMENDAM separar os filhotes de cães e gatos das suas respectivas mães antes de 60 DIAS DE VIDA. Animais que são separados muito cedo de suas famílias não têm a oportunidade de socializar adequadamente, nem de aprender a serem cães / gatos equilibrados. Assim, transtornos como medo, ansiedade e agressividade em excesso na vida adulta podem decorrer desse tipo de situação. Abaixo, nós entenderemos melhor o porquê.

Fases de Desenvolvimento dos Filhotes

De forma geral, o desenvolvimento social de cães e gatos pode ser categorizado em 5 estágios:

Estágio neonatal (0 a 13 dias de vida) :

Neste período inicial, os filhotes são extremamente dependentes da interação materna para sobreviverem. Cães e gatos nessa fase costumam passar a maior parte do tempo mamando e dormindo. Nessa fase, a capacidade motora costuma ser extremamente limitada até o 5º dia. Além disso, os olhos e os canais auditivos se abrem apenas entre o 10º e o 14º dia. Por outro lado, a defecção e a micção é reflexa à lambedura da mãe.

Período Transicional (13 a 19 dias de vida):

Neste estágio, já com um pouco mais de coordenação, os filhotes começam a caminhar, mas ainda muito próximos à mãe. A abertura de olhos e ouvidos promove o contato com estímulos externos, mas a orientação visual e auditiva completa acontece após 25 dias. Somente nessa fase a percepção de dor é completamente desenvolvida.

Período de socialização (19 dias a 12 semanas de vida):

É o período mais importante para o desenvolvimento dos filhotes. Nele, os dentes começam a crescer. Com isso, os filhotes passam a morder a mãe durante a amamentação, e faz com que ela se afaste aos poucos. Geralmente, o desmame total é concluído entre 4 a 7 semanas de vida. 

“Com o afastamento da mãe e com os sistemas sensoriais ativos, os filhotes passam a socializar mais entre si e com o ambiente (inclusive com outras espécies e humanos). Nessa fase, brincadeiras, interações, mordidas e brigas são fundamentais para a formação emocional e da personalidade. É nesse momento que aprendem que morder dói, por exemplo, e esses estímulos estão diretamente ligados a comportamentos futuros. Assim, apresente outros animais, pessoas, motos, caminhões, bicicletas, etc. Lembre-se também de apresentar variações: animais de diferentes portes, pessoas de pele clara e negra, com e sem capacete, etc… Isso evitará a falsa ideia de que existem pets preconceituosos, que aceitam pessoas de pele clara, mas avançam em pessoas de pele negra, por exemplo.”  – Dr. Ricardo Fontão de Pauli,  Médico Veterinário Comportamentalista (CRMV 5730).

É importante ressaltar que os pets também ficam bastante suscetíveis a traumas durante o período de socialização. Experiências negativas, como um acidente ou ataque de um outro animal agressivo, podem gerar traumas por toda a vida. Por isso, é importante que ele se sinta protegido e seguro, perto da ninhada até, pelo menos, 60 dias de vida.

Período Juvenil (de 12 semanas até a maturidade sexual):

Nesta fase, o pet passa a explorar o ambiente de forma efetiva. O aprendizado básico de cães e gatos costuma estar concluído. Assim, a capacidade de aprendizado reduz.

Período adulto (a partir da maturidade sexual):

Em fêmeas, a maturidade sexual costuma acontecer por volta de 6 meses de idade. Por outro lado, nos machos, aos 7 meses. No entanto, cães e gatos costumam estar socialmente maduros após 18 meses e são considerados adultos completamente maduros após 2 anos.

Cuidados Básicos com os Filhotes

Pets necessitam de um período de socialização para serem animais equilibrados. Retirá-los do convívio com a ninhada e a mãe antes dos 60 dias interrompe esse processo. Faz com que o animal perca a oportunidade de criar vínculos fortes com outros cães, pessoas e objetos.

Em contrapartida, os animais são expostos à situações perigosas neste período. Elas podem gerar traumas que irão refletir em seu comportamento futuro.

“Cães e gatos precisam socializar antes mesmo de estarem com o sistema imunológico completamente desenvolvido – e antes de tomarem todas as vacinas. Por outro lado, estão extremamente suscetíveis à doenças infectocontagiosas, como a Parvovirose e a Cinomose. Estas são as doenças que mais matam filhotes, facilmente transmissíveis entre filhotes não vacinados. Por isso, é fundamental evitar que os filhotes socializem com animais doentes ou em ambientes onde animais portadores das doenças podem ter tido acesso. Os vírus da Parvovirose e da Cinomose podem ficar ativos no ambiente por até 2 anos após um animal infectado ter passado pelo local. Assim, muito cuidado ao passear com seu pet não vacinado na rua, mesmo que não hajam outros animais ali no momento. Procure socializar seu filhote em ambientes seguros, com animais sociáveis e saudáveis, e sempre com supervisão. Diante qualquer sinal de estresse ou desconforto, a socialização deve ser interrompida para evitar conflitos ou traumas.” – Dr. Ricardo Fontão de Pauli,  Médico Veterinário Comportamentalista (CRMV 5730).

Permita que os filhotes tenham contato com a mãe e sua ninhada por, pelo menos, 60 dias. Assim, você possibilitará um desenvolvimento mais saudável para o Pet e um futuro mais feliz para sua família. Conte conosco! 

Sobre o Autor:

Dr. Ricardo Fontão de Pauli (CRMV 5730) é Médico Veterinário Comportamentalista. Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), onde focou os seus estudos na área de psicofarmacologia, neurociência e comportamento animal. Ao final da graduação, ingressou na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Nesta instituição fez mestrado em Ciências pelo Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica. 

 

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