Tromboembolismo Aórtico Distal: a importância do check up
É uma situação assustadora. O Tromboembolismo Aórtico Distal é um problema de saúde de extrema urgência. Provoca a súbita paralisia dos membros posteriores do animal – e pode levar à morte.
A doença pode atingir cães, mas é muito mais comum em gatos. Está relacionada diretamente a um problema cardíaco comum nos felinos, motivo pelo qual o check up preventivo desde filhote é tão importante.
Como acontece
O Tromboembolismo Aórtico Distal ocorre quando um coágulo sanguíneo, geralmente formado no coração do animal, se desprende e se desloca pela artéria aorta. Na maior parte das vezes, esse coágulo (ou parte dele) chega à altura da pelve, no ponto em que a artéria aorta se ramifica e se estreita em direção aos membros posteriores.
Nessa posição, o coágulo bloqueia o fluxo sanguíneo que deveria ir para os membros inferiores do pet. Isso leva à paralisia e à morte de tecidos, pela falta de oxigênio.
Os principais sintomas do Tromboembolismo Aórtico são:
- Paralisia dos membros posteriores;
- Dor intensa;
- Cianose – extremidades arroxeadas e frias por conta do baixo fluxo sanguíneo;
- Falta de pulso arterial nos membros posteriores.
Problemas Cardíacos
Alguns problemas cardíacos comuns em gatos podem aumentar consideravelmente as chances de formação de coágulos sanguíneos dentro do coração. Consequentemente, podem levar ao tromboembolismo aórtico distal. A Cardiomiopatia Hipertrófica é o principal deles.
Na Cardiomiopatia Hipertrófica, o ventrículo esquerdo do coração tem as paredes espessadas. E, uma das consequências, é o grande aumento do volume do átrio esquerdo, que favorece a formação de coágulos.
“Para que um coágulo sanguíneo seja formado, são necessárias três condições: lesão na parede do vaso sanguíneo, aumento da coagulabilidade e redução do fluxo de sangue no local da lesão.” – Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).
Gatos com Cardiomiopatia Hipertrófica apresentam essas três condições. O átrio esquerdo aumentado geralmente apresenta lesão endotelial (nas paredes) por conta da distensão. O refluxo da valva mitral, presente nessa situação, aumenta a coagulabilidade do sangue. Além disso, a região conhecida como apêndice atrial esquerdo – também com o volume aumentado – acaba represando o sangue.
A Cardiomiopatia Hipertrófica pode ser primária, em gatos com predisposição genética, ou secundária a algumas doenças, como hipertireoidismo, doença renal crônica, dentre outras. No exame clínico, podem ser detectados sopro cardíaco e arritmias. Contudo, o animal doente pode não apresentar nenhum sintoma.
“Os sintomas e fatores de risco podem ser diagnosticados no check up periódico. Dependendo da gravidade do caso, os animais podem ser tratados preventivamente com medicação anticoagulante, para evitar a formação de trombos.” – Dr. Alex Jader Sant’Ana, M.V, P.H.D Especializado em Anestesiologia Veterinária (CRMV-SP 18196 / CRMV-SC 7177 VS).
“No entanto, vale ressaltar: nem todos os animais diagnosticados com Cardiomiopatia Hipertrófica devem ser tratados com medicação anticoagulante ou com outros medicamentos. O diagnóstico deve ser feito pelo médico veterinário especializado em Cardiologia.” – Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).
Outras Causas do Tromboembolismo Aórtico Distal
A Cardiomiopatia Hipertrófica não é a única doença que pode provocar a formação de coágulos sanguíneos e levar ao tromboembolismo aórtico distal. Arritmias cardíacas que aumentam ou desaceleram o ritmo do coração (taquicardias / bradicardias), podem fazer com que o sangue acumule dentro do coração, favorecendo a formação de coágulos.
As taquicardias e bradicardias podem ter origem congênita. Porém, também podem ser adquiridas ao longo da vida – e até provocadas por erro médico.
“Animais que passam por cirurgias e que recebem anestesia inadequada podem vir a sofrer bradicardia. Dependendo do caso, em poucas horas o coágulo é formado. Uma parte dele pode se desprender e provocar o tromboembolismo aórtico distal.” – Dr. Alex Jader Sant’Ana, M.V, P.H.D Especializado em Anestesiologia Veterinária (CRMV-SP 18196 / CRMV-SC 7177 VS).
Tratamento Cirúrgico do Tromboembolismo Aórtico Distal
O tromboembolismo aórtico distal é uma situação de extrema urgência. A cirurgia para remoção do coágulo – através da abertura da artéria – pode ser uma alternativa. No entanto, o sucesso do tratamento depende significativamente do diagnóstico precoce.
“Os pacientes submetidos à cirurgia em menos de 6 horas após o aparecimentos dos primeiros sintomas costumam ter maiores chances de responder bem ao tratamento. Aqueles atendidos entre 6 e 12 horas após os sintomas, apresentam maiores dificuldades. Depois de 12 horas do aparecimento dos primeiros sintomas, a situação torna-se crítica. A chance de sucesso cirúrgico é menor. Nesses casos, a indicação pode ser o tratamento conservativo.” – Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).
O tratamento conservativo do tromboembolismo aórtico distal envolve o uso de analgesia e de medicação anticoagulante. Contudo, o índice de mortalidade nessa situação é altíssimo.
Riscos após o Tratamento
Os animais submetidos à cirurgia ou ao tratamento conservativo do tromboembolismo aórtico distal devem continuar em observação por algumas semanas.
A obstrução do fluxo sanguíneo provocada pelo coágulo pode provocar a morte de uma grande quantidade de células e tecidos – liberando substâncias tóxicas que contaminam todo o organismo.
“Quanto mais horas o paciente esperar para ser atendido, maior a morte tecidual e maiores os riscos de complicações.” – Dr. Alex Jader Sant’Ana, M.V, P.H.D Especializado em Anestesiologia Veterinária (CRMV-SP 18196 / CRMV-SC 7177 VS).
“O check up preventivo é a melhor forma de proteger o pet do tromboembolismo aórtico distal e de diversos outros problemas de saúde.” – Dra. Greyce Silvano Gomes, M.V. especializada em Radiologia Veterinária (CRMV-SC 4975).
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