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Riscos do procedimento anestésico na Veterinária

Vez ou outra me deparo com diversos cenários dentro dos cuidados com animais. Apesar de atuar dentro da anestesiologia veterinária, procuro ter bastante contato com os tutores de meus pacientes que precisam ser submetidos a um procedimento anestésico. Ao mesmo tempo, meu relacionamento é intenso com veterinários de todas as especialidades. E então, quais são mesmo os riscos na anestesia veterinária? Essa é uma pergunta que esclareço todos os dias aos tutores que, em muitas vezes, deixam de submeter seus cães, gatos e pet’s em geral a procedimentos cirúrgicos curativos – e que ampliariam a qualidade de vida – por medo da anestesia.

Riscos da Anestesia

De acordo com trabalho publicado em 2012 pela Archives of Veterinary Science, onde foram analisados 5.366 procedimentos anestésicos em cães e gatos entre 2007 e 2011, observou-se um índice de mortalidade de 0,96% no perioperatório. Ou seja, de acordo com o trabalho, quase 1 em cada 100, cães e ou gatos anestesiados, vem a óbito no trans-anestésico ou recuperação anestésica.

Já em outro trabalho publicado em 2002 na Revista Brasileira de Anestesiologia, analisando 82.641 procedimentos anestésicos na medicina, foi observado uma taxa de óbito de 0,0005 a 0,1%. Isso significa que, de forma “grosseira” e sem selecionar complexidade e gravidade dos pacientes, cerca de 1 em cada 1000 pacientes vêm a óbito nas primeiras 24 horas.

Pois bem, para quem tem um animal que será anestesiado, é importante conhecer os avanços dos procedimentos anestésicos. Hoje, existe à disposição da medicina veterinária uma gama imensa de técnicas, fármacos e equipamentos para serem usados em anestesia. E o mais importante: existe o Anestesista Veterinário. Este profissional se dedica exclusivamente ao cuidado do paciente durante a cirurgia e ao controle da dor no pós- cirúrgico.

Segurança no Procedimento Anestésico

Para que um procedimento anestésico tenha segurança, há uma série de passos simples, porém essenciais a serem executados: classificação do paciente de acordo com a Associação Americana de Anestesiologia (ASA), isso implica em ser seletivo em pedir exames pré-cirúrgicos e acompanhar a existência de alguma patologia. Tudo isso para definir o melhor protocolo anestésico e planejamento da anestesia que depende além da condição do paciente, do tempo e tipo de cirurgia. Lembrando sempre que anestesia somente existe quando alcançamos os “4 pilares básicos”:

  1. Inconsciência
  2. Relaxamento muscular
  3. Analgesia
  4. Manutenção das funções fisiológicas e neurovegetativas

Por isso, um procedimento de sucesso não é tão somente quando o paciente “não morre” da anestesia, como muitos relatam.

Em um procedimento anestésico bem sucedido, o paciente:

  1. Não lembra da cirurgia
  2. Obteve o relaxamento da musculatura
  3. Não sentiu dor
  4. E, não mais importante, porém essencial: teve suas funções vitais preservadas.

Portanto, além do risco de um procedimento anestésico sem analgesia adequada, ou sem inconsciência adequada, a falta de cuidado, monitoração e controle das funções fisiológicas do paciente durante a cirurgia poderá levar a problemas no pós operatório imediato. Pressão baixa demais ou alta demais durante a cirurgia, são alguns exemplos. Outros problemas podem ser observados até mesmo tempos depois, como insuficiências em órgãos vitais e dor crônica.

Confira vídeo do nosso Anestesista Veterinário Alex Jader Sant’ana sobre o tema:

A anestesia veterinária é uma especialidade séria, com avanços enormes nas últimas décadas. Além disso, conta com profissionais capacitados a trabalhar seguindo protocolos e processos. Cirurgião veterinário: avalie os processos dentro do seu Centro Cirúrgico, isso pode ser essencial. Proprietários de animais: conversem com seu médico veterinário anestesiologista. Só ele poderá esclarecer suas dúvidas e cuidar do seu animal com a maior segurança possível!

A anestesia foi, sem sombra de dúvidas, o maior avanço da medicina dos últimos tempos, “fez da dor não mais a mestra, mas a serva do corpo humano.” (Dr. John C. Warren, 1842 – 1927).

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