Trata-se de uma doença crônica e sistêmica. O diabetes em cães e gatos é provocado por uma deficiência parcial ou absoluta do hormônio insulina (Diabetes Mellitus) e por distúrbios hídricos relacionados ao hormônio antidiurético (Diabetes Insipidus).
As consequências desse problema são graves e semelhantes em ambas as espécies. Entretanto, o tipo de diabetes predominante entre elas difere. Nesse texto, você vai entender como.
O que é o diabetes?
Assim como acontece com os seres humanos, sempre que os cães e os gatos ingerem um alimento, o pâncreas deve produzir insulina. Esse hormônio é responsável por captar o açúcar (glicose) do sangue e transportá-lo para dentro das células (onde será utilizado como fonte de energia).
A falta de insulina, ou a incapacidade desse hormônio de exercer a sua função, leva ao aumento dos níveis glicose na corrente sanguínea. Instala-se então, o quadro de diabetes. As consequências podem ser fatais.
Diabetes Mellitus Primária (Cães)
A forma mais comum de diabetes em cães é a primária (semelhante ao tipo 1 em humanos). Ela é provocada por fatores genéticos e ambientais que levam à destruição das células tipo B do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina.
Nos casos extremos, as deficiências genéticas autoimunes (que destróem as células pancreáticas), fazem com que cães jovens apresentem uma deficiência absoluta de células tipo B, e não consigam mais produzir insulina alguma.
Alterações menos graves geram pré-disposições que, de acordo com a exposição aos fatores de risco, podem destruir as células pancreáticas do cão e levar ao diabetes primário. Entre os fatores de risco para cães, estão:
- Alimentação inadequada;
- Pancreatite,
- Uso de medicamentos;
- Doenças que antagonizam a ação da insulina.
“Apesar do forte componente genético, o diabetes em cães é multifatorial. Quase 100% dos pets diagnosticados vão precisar receber doses de insulina por toda a vida, para controlar os níveis de açúcar no sangue.” Dr. Alex Jader Sant’Ana, M.V, P.H.D Especializado em Anestesiologia Veterinária (CRMV-SP 18196 / CRMV-SC 7177 VS).
“A perda da função celular é irreversível. No geral, raças de cães pequenos como o Poodle, Schnauzer, Dachshund e Yorkshire são mais suscetíveis ao Diabetes Mellitus Primário.” Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).
Diabetes em Gatos
Em 80% dos gatos, o quadro mais comum de Diabetes Mellitus é o secundário (muito parecido com o Tipo 2 nos humanos). Nesses casos, acontece a chamada “resistência insulínica”.
Diferente do que acontece no diabetes primário, no diabetes secundário as células do pâncreas que produzem a insulina não são destruídas. O que ocorre é uma disfunção molecular, que impede o hormônio de transportar a glicose para dentro das células – causando uma resistência.
Geralmente, o organismo de pet tenta compensar a “resistência insulínica” com a produção de mais hormônios. Existe, no entanto, um limite.
Quanto mais insulina é produzida, mais as células tendem a se proteger desse excesso Como consequência, mais aumenta a resistência à insulina. Em certo ponto, o pâncreas não consegue mais produzir hormônio suficiente. Assim, os níveis de açúcar no sangue sobem e o diabetes secundário surge. O principal fator de risco para o diabetes secundário é a obesidade.
“As células de gordura liberam uma série de substâncias inflamatórias no organismo. Os gatos obesos sofrem com a alteração de vários genes de sinalização de insulina e transporte de glicose, que alteram o metabolismo.” Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).
“Estudos mostram que gatos obesos possuem cerca de 4 vezes mais chances de desenvolverem diabetes que os gatos com peso normal. A cada 1kg de sobrepeso ganho, a sensibilidade à insulina é reduzida em cerca de 30%.” Dr. Alex Jader Sant’Ana, M.V, P.H.D Especializado em Anestesiologia Veterinária (CRMV-SP 18196 / CRMV-SC 7177 VS).
Outros fatores de risco para o diabetes secundário são:
- Sedentarismo;
- Doença de cushing (hiperadrenocorticismo);
- Uso hormônios esteróides (corticóides);
- Acromegalia (produção de esteróides androgênicos);
- Modificações hormonais decorrentes do cio (geralmente solucionadas com a castração).
Sinais de Atenção
As causas podem ser diferentes, mas o diabetes em cães e gatos costuma dar sinais parecidos. O excesso de açúcar no sangue pode provocar sede acima do normal, acúmulo de formigas na urina do pet e episódios de desmaios.
Riscos para a Saúde
O excesso de glicose no sangue do pet provoca o acúmulo de radicais livres. Eles atacam as membranas celulares em maior número do que o organismo consegue controlar.
“Esse processo leva à oxidação excessiva de vários órgãos, principalmente dos vasos sanguíneos. Lesões renais, oculares e insuficiências circulatórias são bastante comuns.” Dr. Éder França da Costa, M.V. Especializado em Cardiologia Veterinária (CRMV-SC 3580).
“O açúcar no sangue também tende a ser convertido em triglicerídeos e provocar o acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática).” Dr. Alex Jader Sant’Ana, M.V, P.H.D Especializado em Anestesiologia Veterinária (CRMV-SP 18196 / CRMV-SC 7177 VS).
Em resumo, os principais riscos do diabetes são:
- Problemas vasculares (gangrena, necrose);
- Disfunções renais;
- Esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado);
- Catarata.
Tratamento do Diabetes em Cães e Gatos
Algumas medidas podem fazer com que o diabetes em cães e gatos seja controlado. Assim, e possível manter uma boa qualidade de vida aos animais. Castração, controle do uso de medicamentos hormonais, reeducação alimentar e administração periódica de insulina são algumas delas.
Porém, não existe uma única fórmula para o controle do diabetes em animais. Cada paciente exige cuidados próprios, que devem ser analisados pelo médico veterinário.
Fique atento aos sinais do diabetes em cães e gatos. Visite o médico veterinário regularmente. Na Digitalvet, o seu companheiro recebe a atenção que merece. Conte conosco!